segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Sólida Palavra de Deus

Imagine 1.200 quilômetros de estantes. A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos é a maior biblioteca do mundo, com aproximadamente 145 milhões de itens distribuídos nos 1.200 quilômetros de estantes. As coleções são constituídas de mais de 33 milhões de livros. Ao passo que muitos dos livros são de grande influência, nenhum se compara com a Bíblia. Esse é um livro que tem sido amado e odiado. Ao longo da história humana, contra persistentes ataques, ele tem sido miraculosamente preservado.
Embora a Bíblia tenha sido de grande influência no pensamento político e cultural, sua singularidade está relacionada à sua origem e conteúdo. Esse livro é a revelação divina. Através da Bíblia, Deus nos alcança e comunica Seu desejo de nos salvar. “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm 3:16).* Foi Deus quem inspirou os autores bíblicos. Eles, por sua vez, escreveram em linguagem humana.
A Bíblia não é uma coleção de “fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe 1:16). O cumprimento de muitas profecias demonstra que podemos confiar na Bíblia e confirma a segurança que podemos ter de que as Escrituras são a revelação infalível da vontade de Deus. Apesar das tentativas para destruí-la, a Bíblia foi preservada com incrível exatidão.

Questão de Autoridade

Talvez a razão principal para muitos não aceitarem a Bíblia como a Palavra inspirada por Deus seja porque não querem aceitar sua autoridade na vida pessoal. As Escrituras têm autoridade divina porque é por meio delas que Deus fala pelo Espírito Santo. Deus foi e ainda está envolvido ativamente na transmissão de Sua Palavra. Os autores bíblicos foram movidos pelo Espírito Santo, muito tempo atrás, para escrever (veja 2Pe 1:21). E o mesmo Espírito que outrora inspirou a Bíblia deve estar conosco hoje, ao lê-la. Se o Espírito Santo não iluminar nossa mente, não podemos compreender a Bíblia, e nem mesmo reconhecê-la como a vontade expressa de Deus.
Aceitar que Deus sempre Se comunicou e continua Se comunicando ativamente por meio da Sua Palavra confere autoridade à Bíblia. Ela passa a ser a palavra final em todas as questões de crença e forma de viver. Não podemos permitir que forças científicas e socioculturais ditem o significado da Bíblia. As seguintes palavras do apóstolo Paulo são tão relevantes hoje como quando as escreveu aos cristãos de Roma há quase 2 mil anos: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2).
Alguns, ainda que aceitem a Bíblia como a Palavra de Deus, questionam se toda a Bíblia é inspirada por Deus. Seguindo critérios diversos, eles alegam que algumas partes da Bíblia não são inspiradas, ou não tão inspiradas como outras. Em muitos círculos cristãos, essa maneira de entender a Bíblia tem diminuído sua autoridade ao mínimo ou a anulado por completo. Na verdade, a comunicação de Deus com os seres humanos tem em grande parte sido emudecida. Para analisar a Bíblia, precisamos mais do que ferramentas e métodos aplicados à literatura comum. Ela é superior a qualquer sabedoria e literatura humanas. É a norma pela qual todas as outras ideias e métodos devem ser testados. Em vez de julgar a Bíblia, tudo deve ser julgado por ela, pois é o padrão de caráter e teste de toda prática e pensamento (veja 1 Co 2:15; 2 Co 10:5).
Nós adventistas do sétimo dia, aceitamos a Bíblia como fundamento para todas as nossas crenças, e vemos em suas páginas nossa identidade e missão profética singular. Devemos resistir às formas sutis, como também às não tão sutis, com as quais o inimigo busca nos distanciar da Bíblia e da compreensão clara de que o que Deus disse é verdadeiro. Devemos tomar toda a Bíblia como autoridade final. Como podemos crer que Cristo é o Redentor se duvidamos que Ele é o Criador? Ou como podemos acreditar nas declarações bíblicas sobre uma segunda vinda literal se duvidamos do relato bíblico da Criação em seis dias como sendo literal? Precisamos enfrentar nossos desafios cotidianos com a mesma confiança inabalável que Jesus demonstrou na Palavra quando enfrentou o tentador (veja Mt 4:4-10). Ellen G. White adverte: “Cumpre-nos ser cuidadosos para que não interpretemos mal as Escrituras. Os claros ensinos da Palavra de Deus não devem ser tão espiritualizados que a realidade se perca de vista. Não forcem o sentido de sentenças bíblicas no esforço de produzir qualquer coisa de singular a fim de comprazer a fantasia. Tomem as Escrituras como declararam” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 170).

Teoria na Prática

Aceitar a autoridade bíblica envolve muito mais do que simplesmente crer que a Bíblia é verdadeira. A Palavra de Deus é o ponto de contato entre nós e nosso Criador. Da mesma forma que não podemos ter um relacionamento de amor com alguém na teoria, não podemos aceitar a autoridade da Bíblia na teoria e não na prática. Ao vermos que a autoridade de Deus é baseada no amor e na verdade, isso deve estimular em nós uma resposta de amor, fé e obediência voluntária.
Os primeiros reformadores protestantes criam que todos deveriam ter o privilégio de ler e estudar a Bíblia por si próprios. Lutero, Wycliffe e outros estavam dispostos a pôr a vida em risco a fim de traduzir a Bíblia para idiomas que as pessoas pudessem entender. Eles compreendiam que, para a Bíblia ter algum efeito, não seria suficiente apenas ouvir a respeito dela, mas seria necessário de fato estudá-la. O poder prometido em suas páginas será concedido somente sobre aqueles que leem, ensinam e pregam-na sem medo ou favoritismo, e sobre aqueles que permitem, individualmente e como grupo, que a vida seja moldada por suas verdades claras e convincentes. Um dos objetivos fundamentais dos escritos de Ellen White é estimular o estudo mais fervoroso da Bíblia. Ela escreveu: “A Bíblia é dirigida a todos – a toda classe da sociedade, àqueles de todas regiões e épocas. O dever de toda pessoa inteligente é pesquisar as Escrituras” (Signs of the Times, 20 de agosto de 1894).

Uma Âncora Segura

Nosso mundo é marcado pela instabilidade. As catástrofes naturais aumentam em frequência e intensidade. Há muita confusão na política resultante de economias mundiais que não se recuperaram como esperado. O crime se alastra para todos os lados. Os valores da sociedade e da família estão se desintegrando. A forma como lidamos com tudo isso está relacionada à nossa qualidade de vida, satisfação pessoal e também com nosso destino eterno.
Quando tomamos a Bíblia como uma mensagem que possui autoridade e que vem de Deus, recebemos uma fonte de estabilização que dá sentido à nossa vida. Vemos, então, que Deus participa não somente do governo do Universo, mas também do nosso cotidiano. Ao desviarmos nosso olhar do caos e contradições da vida que nos cercam e fixarmos os olhos na Palavra de Deus, compreendemos a nós mesmos e ao nosso destino glorioso. Na Bíblia, encontramos segurança em saber que nosso valor vem de nossa criação e redenção por Cristo.
A Palavra de Deus é essencial para a igreja e sua proclamação ao mundo. E o mais importante é que ela é fundamental para a minha vida. Minha crença em um Deus pessoal é formada pela minha compreensão do maravilhoso amor que Ele tem por nós. Posso confiar que Deus fará exatamente o que diz em Sua Palavra escrita. Posso contar com isso e acreditar.
É uma grande benção saber que, mesmo em meio às incertezas deste mundo, podemos descansar com absoluta confiança na imutável Palavra de Deus. A leitura da Bíblia, sob a direção e inspiração do Espírito Santo, nos reavivará e reformará. Que nos submetamos, como povo de Deus, individualmente e como grupo, à autoridade do “autor e consumador da nossa fé” (Hb 12:2)! Assumamos o compromisso de ler a Sua Palavra diariamente. Ao fazermos isso, descobriremos um novo poder para nossa vida espiritual que nos revitalizará e nos capacitará para proclamarmos com entusiasmo as boas-novas de que o caos, a incerteza, o medo e a dor não continuarão para sempre. Logo Jesus voltará. Logo haverá um “novo Céu e uma nova Terra” (Ap 21:1) onde “não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor” (v. 4). Que bênção é podermos confiar completamente em uma leitura clara da Palavra de Deus!
* Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Texto de autoria Ted N. C. Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, publicado na revista Adventist World fev/2011.

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